quarta-feira, 18 de março de 2015

MAS, O QUE É O THELENISMO OU O QUE SÃO OS THELÊNICOS IV?

CELEBRAÇÕES
Conforme definido pelos versículos II:36 a II:44 do Liber AL vel Legis, uma série de celebrações são festejadas anualmente ou esporadicamente pelos thelemitas.



Celebrações Anuais           
·         As Festas das Estações: são os Equinócios e os Solstícios, comemorados no dia 20 dos meses de março, junho, setembro e dezembro.
·         O Supremo Ritual: comemorado durante o Ano Novo Astrológico, no Solstício de março (corresponde ao Ano Novo Thelêmico).
·         Os Três Dias de Escritura do Livro da Lei: uma celebração à escrita do Liber AL vel Legis, nos dias 8, 9 e 10 de abril.
·         Primeira Noite do Profeta e Sua Noiva: comemora a união de Crowley e Rose Kelly, que resultou no Livro da Lei, no dia 12 de agosto.
·         O Equinócio dos Deuses: comemorado durante o Equinócio de Outono.
Também é muito comum entre os thelemitas que se comemore o Nascimento do Profeta (12 de outubro) e a Morte do Profeta (1º de dezembro).

Celebrações Esporádicas

·           Festa para o Fogo: maturidade de um menino, em seu aniversário de 14 anos.
·         Festa para a Água: maturidade de uma menina, no dia de sua menstruação.
·         Festa para a Vida: nascimento de uma criança.
·         Festa para a Morte: também chamado de Grande Celebração, ocorre no falecimento de um thelemita.

Números Importantes
Já na leitura do Liber AL vel Legis percebe-se que os números ocupam um lugar importante dentro da simbologia thelêmica. Em Liber AL I:3 há uma pista em relação a isso quando se diz que "Todo número é infinito, não há diferença". Assim, todo número assume uma condição especial, com um denominador comum. Alguns números são conhecidos por seu uso regular na simbologia thelêmica:
·         31 - Não está presente no Liber AL vel Legis, mas de acordo com Crowley é "A chave para o Livro da Lei", uma vez que o termo hebraico "EL", que geralmente é utilizado para representar Deus, possui esse valor dentro da Gematria, ou seja, a numerologia cabalística.
·         93 - É o próprio valor numérico de Thelema, bem como de Ágape (o Amor sublime que é citado na segunda injunção da Lei de Thelema). Desta forma, Vontade e Amor são correspondentes dentro da filosofia thelêmica.
·         11 - Corresponde à soma de 5 (o Microcosmo) com 6 (o Macrocosmo). Representa o todo, a Grande Obra. É também relativo à 11ª Esfera da Árvore da VidaDaath, cujo Abismo deve ser cruzado para que se chegue ao pleno auto-conhecimento.
·         220 - É a totalidade do Universo.
·         418 - Valor numérico da palavra "Abrahadabra", considerada por Crowley como a fórmula mágica do Novo Eon.
·         666 - Número de catálogo da Estela da Revelação no Museu Boulaq, onde estava. Costuma ser considerado pelo cristianismo como o número do Anticristo, mas dentro do ocultismo (vide quadrado mágico do Sol para mais detalhes) é o número correspondente ao Sol, símbolo do Self para a filosofia thelêmica, não recebendo conotações ligadas ao mal absoluto pregado pela doutrina cristã.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Thelema
MAS, O QUE É O THELENISMO OU O QUE SÃO OS THELÊNICOS III?

Aleister Crowley

Aleister Crowley (18751947) foi um ocultista, montanhista, pintor e escritor inglês. Em 1904, em uma experiência mística, teve o Livro da Lei ditado a ele por uma entidade denominada Aiwass, livro sagrado que atua como pedra fundamental para o sistema filosófico, religioso, social e mágico chamado Thelema.


O Livro da Lei

O sistema thelêmico tem início com a escritura do Livro da Lei, cujo nome oficial é Liber AL vel Legis. Foi escrito no Cairo, Egito, durante a lua de mel de Crowley e sua primeira esposa, Rose Kelly. Este pequeno livro contém três capítulos, cada um escrito durante o período entre o meio-dia e as 13h00, dos dias 8, 9 e 10 de abril de 1904. Crowley dizia que escreveu o livro segundo o que lhe foi
ditado por uma entidade "preter-humana" de nome Aiwass, a qual posteriormente identificou como sendo o seu próprio Sagrado Anjo Guardião. Israel Regardie, discípulo e secretário particular de Crowley, preferia atribuir a voz ao próprio subconsciente de Crowley, mas as opiniões sobre a identidade de Aiwass variam enormemente entre os thelemitas. Apesar das referências a Rabelais, a análise de Dave Evans do Livro da Lei apresenta maiores semelhanças com o texto "O Amado de Hathor e a Capela do Gavião Dourado", peça de Florence Farr, do que com "Gargantua e Pantagruel". Evans diz que isso pode resultar do fato de que tanto Farr quanto Crowley terem sido membros da Ordem Hermética da Aurora Dourada e dela tenham absorvido os ensinamentos e a simbologia, e que Crowley talvez conhecesse o material anterior e tenha se inspirado nos textos de Farr. Sutin também encontra similaridades com o trabalho de W. B. Yeats, atribuindo tais similaridades a "inspirações compartilhadas" (como uma espécie de zeitgeist) ou talvez ao conhecimento por parte de Yeats do trabalho do próprio Crowley.
Crowley escreveu vários comentários sobre o Livro da Lei, o último dos quais em 1925. Este breve trabalho, intitulado apenas "O Comento" avisa sobre os perigos do estudo do Livro e da discussão de seu conteúdo, deixando claro que:
"Todas as questões da Lei são para serem decididas apenas por apelos aos meus escritos, cada pessoa por si mesma".

Verdadeira Vontade

De acordo com Crowley, todo indivíduo é dotado de uma Verdadeira Vontade, a qual deve ser diferenciada das vontades ordinárias e dos desejos do Ego. A Verdadeira Vontade é, essencialmente, o "chamado" ou "propósito" da vida de alguém. Alguns magos recentes concluem que o ato de chegar à auto-realização deve ser feito por seus próprios esforços, sem a ajuda de Deus ou qualquer outra
Frontstpício do Liber AL vel Legis, o Livro da Lei .
autoridade divina. De trabalhos como o "Liber II - A Mensagem de Mestre Therion" pode-se entender que a Verdadeira Vontade do indivíduo é nada mais que uma porção da própria Vontade Divina. "Faze o que tu queres será o todo da Lei" não se refere ao hedonismo, acatando-se qualquer desejo mundano, mas no atender do chamado desse propósito maior. O thelemita é um místico que, de acordo com Lon Milo Duquette, baseia suas ações no sentido de descobrir e executar essa Vontade; quando alguém a realiza é como se encontrasse sua própria órbita entre os demais corpos celestes na ordem universal, e o universo passa a auxiliá-lo. Não se deve confundir esta ideia com a chamada "Lei da Atração", apresentada pelo Movimento Novo Pensamento. Thelema não implica o desejo por algo, mas sim a descoberta da sua própria natureza íntima, de modo a se alcançar paz e unidade com o Universo. De forma a alguém se tornar capaz de seguir sua Verdadeira Vontade, as inibições instiladas pela sociedade no Self devem ser quebradas por um processo de descondicionamento. Crowley acreditava que isso seria alcançado pela libertação de todos os desejos inconscientes e pelo controle damente consciente, especialmente das restrições colocadas à expressão sexual, que é associada ao poder da criação divina. Thelema associa a Verdadeira Vontade de cada indivíduo com o Sagrado Anjo Guardião, o daimon único de cada ser humano. A busca espiritual para se alcançar e cumprir essa Verdadeira Vontade também é conhecida em Thelema como parte da chamada Grande Obra.

Cosmologia

·         Nuit: representada na arte antiga como uma mulher cujo corpo estrelado e curvado é a própria abóboda celeste. Ela é percebida como a Grande Mãe, a fonte primal de todas as coisas. Está ligada ao Primeiro Capítulo do Livro da Lei.
·         Hadit: o ponto infinitesimal, complemento e consorte de Nuit. Hadit simboliza a manifestação, o movimento e o tempo. Também é descrito no Livro da Lei como "a chama que queima em todo coração humano, e no âmago de cada estrela" (Liber Al vel Legis II:6). Está ligado ao Segundo Capítulo do Livro da Lei.
·         Ra-Hoor-Khuit: uma das manifestações de Hórus. Ele é simbolizado como o homem entronado com cabeça de falcão, carregando um cetro. É associado ao Sol e às energias ativas na magia thelêmica. Está ligado ao Terceiro Capítulo do Livro da Lei.
Outras divindades de importância em Thelema são:
·         Hoor-Paar-Kraat (ou Harpócrates): deus do silêncio e da força interior, irmão e contraparte de Ra-Hoor-Khuit.
·         Babalon: a deusa de todos os prazeres, conhecida como a Prostituta Sagrada, também ligada ao conceito da Grande Mãe e pertencente à linhagem de arquétipos de Inanna, Astarte, Afrodite, dentre outras.
·         Therion: a besta montada e controlada por Babalon, que representa o aspecto viril e dinâmico da Natureza, além das forças naturais do ser humano.

 

Magia e Ritualística

Thelema possui um conjunto próprio de práticas mágicas que recebe o nome de "Magick". Esta denominação foi utilizada por Crowley (a partir da forma vitoriana do termo "magic") para diferenciar seu sistema mágico da magia de salão, também conhecida como ilusionismo ou prestidigitação (no idioma inglês, não existem termos distintos paramagia e mágica). É um sistema metafísico completo, englobando exercícios e práticas que buscam levar o adepto ao encontro de seu Sagrado Anjo Guardião e, através dele, ao conhecimento da Verdadeira Vontade e sua consecução. Crowley foi um autor prolífico, integrando práticas místicas orientais com práticas ocultistas ocidentais, muitas advindas do trabalho da Aurora Dourada. Ele recomendava uma série básica destas práticas a seus discípulos, incluindo o básico do Yoga (asana e pranayama), o Ritual Menor do Pentagrama, da Aurora Dourada, a Missa da Fênix e o Liber Resh, sendo que este último consiste de quatro adorações diárias ao Sol (representando o Self). São também práticas criadas ou recomendadas por Crowley várias de magia sexual e de origem gnóstica. Muito de seu trabalho pode ser encontrado tanto em livros como o "Magick Without Tears" ("Magick sem Lágrimas") e o "Gems of the Equinox" ("Jóias do Equinox"), bem como em diversos sites da Internet.
Em ordens thelêmicas como a Ordo Templi Orientis ou a Astrum Argentum o trabalho mágico é feito através de uma série de graus iniciáticos. Thelemitas que seguem seus caminhos de forma autônoma costumam se basear em trabalhos de Crowley disponíveis publicamente como um guia e em sua própria intuição.



A ênfase da magia thelêmica não é a obtenção de resultados materiais (para tanto, os thelemitas costumam recorrer a outros sistemas mágicos como a Goécia, a Sigilização ou a Feitiçaria), mas sim no desenvolvimento espiritual através do auto-conhecimento e do contato com o Sagrado Anjo Guardião, sendo este seu principal objetivo. Este contato consciente é conhecido como o "Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião" e leva ao conhecimento da Verdadeira Vontade. Ainda que Crowley considerasse o Sagrado Anjo Guardião como uma entidade separada da pessoa, muitos thelemitas atuais o vêem como uma manifestação do Self, isto é, o centro da totalidade psíquica do ser humano, o que para a psicologia jungiana, equivale a Deus.
Nas linhas de trabalho por graus mágicos, os Graus mais altos são alcançados através do cruzar do Abismo com o auxílio do Sagrado Anjo Guardião e o abandonar do Ego. Contudo, caso o adepto não esteja preparado adequadamente, será tragado por seu próprio ego, tornando-se um Irmão Negro. Dessa maneira, em vez de se tornar uno com Deus, derramando seu sangue na taça de Babalon e se abrindo pela fórmula do Amor para todo o Universo, o Irmão Negro passa a considerar seu Ego como sendo Deus, fechando-se nele. De acordo com Crowley, o Irmão Negro desintegra-se gradualmente, passando a depender da adoração de outras pessoas para seu próprio auto-engrandecimento.
Crowley pregava um exame cético sobre todos os resultados obtidos através da meditação ou da magia. Ele insistia na necessidade da manutenção de um diário mágico, que deveria conter todas as condições observáveis de um evento para posterior análise e comparação. Com isso, buscava uma metodologia para a experiência mística ou mágica semelhante à metodologia empregada pela ciência tradicional e, com isso, separar ''Magick'' do misticismo barato e da superstição. Crowley definia Magick como "o método da ciência e o objetivo da religião", alegando que toda experiência mágica deveria ser passível de comprovação e repetição não acidental. Sendo a magia, porém, uma ciência empírica, os resultados são quase sempre subjetivos, de modo que o que pode ser visto como sucesso por um praticante pode ser entendido como fracasso por outro ou como fantasia por um cético. Contudo, a ideia é que se um mesmo praticante repete o mesmo processo nas mesmas condições, os resultados obtidos devem ser reconhecíveis como sendo suficientemente próximos para que se aceitem como verdadeiros.


Não é necessário, entretanto, que se pratique qualquer forma de sistema mágico para ser um thelemita. Considera-se como sendo um thelemita todo aquele que aceita o Livro da Lei como seu livro sagrado e siga a filosofia ali expressa segundo suas próprias interpretações.

Ética

O Liber AL vel Legis coloca alguns preceitos básicos para a conduta individual. O principal é o "Faze o que tu queres", que representa tanto a primeira instância da Lei como um direito inerente a todo ser humano. Posto que os thelemitas utilizam a Lei de Thelema também como um cumprimento, entende-se que esse direito inclui a obrigação de permitir que o outro cumpra também sua Vontade sem interferências, ainda que tal pensamento não esteja presente no Liber AL vel Legis de forma explícita.
Ainda que Crowley tenha dito não haver necessidade de se detalhar uma ética thelêmica, uma vez que tudo está incluso na própria Lei de Thelema, escreveu vários documentos apresentando sua visão pessoal de conduta individual à luz da Lei thelêmica, sendo que alguns fazem referência à questão da interferência sobre o caminho alheio, sendo eles "Liber Oz", "Dever", "Liber II". "Liber Oz", considerado por muitos como uma Carta de Direitos Humanos, enumera uma série de direitos individuais derivados do "Faze o que tu queres", que incluem, entre outros, o direito de viver por sua própria lei, trabalhar como desejar, morrer como e quando desejar, amar quem, como e quando desejar, etc... Estas declarações, contudo, não devem ser interpretadas como uma licença para que se ignore a legislação ou o direito alheio, uma vez que em Thelema considera-se que cada um deve assumir integralmente a responsabilidade por seus atos e suas consequências.
"Dever" é descrito como "uma nota sobre as principais práticas de conduta a serem observadas por aqueles que aceitam a Lei de Thelema". Divide-se em quatro sessões:
·         A - Seu dever para consigo mesmo: descreve o Self como o centro do universo, com um chamado a que cada um aprenda sua natureza interna. Incita o leitor a desenvolver cada faculdade sua de forma equilibrada, estabelecendo sua própria autonomia e devotando-se ao serviço de sua própria Verdadeira Vontade.
·         B - Seu dever para com os outros: explica que se deve eliminar a ilusão de que exista uma separação entre alguém e todos os outros, a lutar quando necessário, a evitar a interferência com a Vontade alheia, a iluminar os outros quando necessário e a adorar a natureza divina de todas os outros seres.
·         C - Seu dever para com a Humanidade: coloca que a Lei de Thelema deveria ser a única base de conduta, que as leis mundanas deveriam ter como objetivo assegurar a liberdade maior de cada indivíduo, sendo o crime descrito como uma violação da Verdadeira Vontade de alguém.
·         D - Seu dever para com todos os outros seres e coisas: diz que a Lei de Thelema deveria ser aplicada a todos os problemas e usada para se decidir toda questão ética, sendo uma violação da Lei utilizar um animal ou objeto para um propósito distinto daquele para o qual foi criado, tal como arruinar algo de forma que se torne inútil a seu propósito. Os recursos naturais podem ser utilizados pelo ser humano, mas isso deve ser feito sabiamente ou a quebra da Lei seria vingada, como por exemplo o desflorestamento causando erosão do solo ou o desmatamento de encostas ocasionando deslizamentos).
Em "Liber II - A Mensagem de Mestre Therion", a Lei de Thelema é apresentada sucintamente como sendo "Faze o que tu queres, então não faça mais nada". Crowley descreve a busca da Vontade não apenas como alheia a qualquer resultado como também com incansável energia. É o Nirvana alcançado e mantido de forma dinâmica e não estática. A Verdadeira Vontade é descrita como uma órbita individual e os obstáculos que impedem sua consecução devem ser eliminados.
De forma geral, cada thelemita é instigado a estabelecer seu próprio código de conduta e sua própria ética, de acordo com sua interpretação individual do Livro da Lei e de sua própria experiência de vida, seus estudos e suas conclusões. Em Thelema um código padronizado de conduta é impossibilitado pela inexistência de dogmas ou interpretações oficiais ou "corretas" de qualquer um de seus textos sagrados.

O Fim do Aeon

Ao contrário da absoluta maioria das religiões, que se baseiam em uma continuidade eterna de suas verdades espirituais, dentro do próprio Liber AL vel Legis já se prenuncia o fim da validade da fórmula atual de Thelema (Liber AL III:34), na chamada queda do Grande Equinócio:
"Quando Hrumachis erguer-se-á e aquele da dupla baqueta assumirá meu trono e lugar, um outro profeta deverá erguer-se, e trazer febre fresca dos céus. Uma outra mulher despertará a volúpia e a adoração da Serpente. Uma outra alma de Deus e da besta misturar-se-á no sacerdote englobado, um outro sacrifício maculará a tumba. Um outro rei deverá reinar e a bênção não mais será derramada ao místico Senhor da cabeça de Falcão".
Isso se deve à ideia thelêmica de que a evolução espiritual humana baseia-se em ciclos, chamados Aeons, cada um regido por um arquétipo, normalmente representado por uma divindade egípcia. Até hoje dois ciclos foram completados:
·         Aeon de Ísis: a época da Deusa Mãe, quando o ser humano cultuava os aspectos femininos da criação. O ser humano é visto espiritualmente como um bebê de colo.
·         Aeon de Osíris: a época do Deus Pai, quando os aspectos masculinos da ordem e do sacrifício eram cultuados. Entende-se o ser humano espiritualmente como uma criança que já não mais se nutre do leite materno, porém necessita ainda do amparo e da disciplina paternas.


Thelema atua dentro do terceiro ciclo, o chamado Novo Aeon:
·         Aeon de Hórus: a época do Deus Interior, na qual se cultua a individuação (não o individualismo), nos aspectos hermafroditas, equilibrando o masculino e o feminino. O ser humano evolui até a maturidade, não necessitando mais de divindades externas, tornando-se ele próprio seu deus e redentor.


Crowley presume que o próximo Aeon, que deve ocorrer por volta do ano 3900, será o de Maat, a deusa egípcia da Justiça, quando a fórmula atual já terá cumprido seu objetivo e não será mais necessária, devendo deixar um novo pensamento tomar lugar no mundo.

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Thelema

segunda-feira, 16 de março de 2015

MAS, O QUE É O THELENISMO OU O QUE SÃO OS THELÊNICOS  II?


A palavra Thelema é incomum no Grego Clássico, significando o desejo, mesmo o sexual. Porém já se torna comum na Septuaginta (versão da Bíblia hebraica para o dialeto grego Koiné). Antigas escrituras cristãs utilizavam esta palavra por vezes para se referir à vontade humana, mas era mais usual como referência à vontade de Deus. Na oração do Pai Nosso, por exemplo, em "Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu;" (Mateus 6:10), o original de "vontade" é θέλημα. Ainda no mesmo evangelho, em Mateus 26:37, tem-se Jesus dizendo a Deus: "Faça-se a Tua vontade", novamente com o termo Thelema no original. Ainda além, Santo Agostinho, em um sermão do Séc. V d.C., utiliza a frase "Dilige et quod vis fac" ("Ama e faze o que tu queres").
Hexagrama Unicursal, um dos mais comuns símbolos de Thelema.

O texto renascentista "Hypnerotomachia Poliphili", creditado ao monge dominicano Francesco Colonna e com primeira publicação em 1449, possui uma personagem chamada Thelemia, representativa da vontade ou desejo, que em conjunto com Logistica (a razão) guiavam o protagonista Polifilo por sua jornada em busca de sua amada. Quase sempre, ao ser obrigado a escolher entre os conselhos de Logistica e Thelemia, Polifilio dava ouvidos à seus impulsos sexuais e não à lógica. Esse livro teve grande influência sobre outra obra de grande importância para a base filosófica thelêmica, a novela do século XVI, "Gargantua e Pantagruel", do monge franciscano François Rabelais. Neste texto clássico se descreve a "Abadia de Thélème", cuja única regra consistia em "Faix çe que tu veux" ("Faze o que tu queres"). Já em meados do século XVIII, Sir Francis Dashwood inscreve este adágio, que se tornaria o lema do Hellfire Club, na porta de entrada de sua própria abadia, em Medhenmam, Inglaterra. "Gargantua e Pantagruel" também é referenciado na novela de Sir Walter Besant e de James Rice, "Os Monges de Thelema" (1878), e na utopia "A Construção de Thelema" (1910), de C. R. Ashbee.

François Rabelais


Rabelais, que viveu no século XVI, foi inicialmente um monge franciscano e posteriormente beneditino que depois deixou o monastério para estudar medicina em Lyon (1532). Lá escreveu "Gargantua e Pantagruel", uma série de livros satírica sobre dois gigantes, respectivamente pai e filho, e suas aventuras divertidas e extravagantes, a partir de uma perspectiva humanista cristã. Nestas histórias, thelema é referenciada sempre como a vontade divina, a qual seria a suprema regente da Abadia. Ainda que os textos apresentem elementos de estoicismo e caridade cristã, estes são considerados precursores diretos da filosofia thelêmica.
A Abadia de Thelema é descrita no primeiro livro (capítulos 52 a 57). Construída por Gargantua, a Abadia é uma clássica utopia concebida como crítica à sociedade nos tempos de Rabelais. Nela, os desejos de todos eram plenamente satisfeitos. Ainda que satíricos, os princípios ali colocados correspondem aos ideais considerados por Rabelais como os mais elevados. Os habitantes da Abadia eram governados apenas por sua livre vontade e por seu prazer, sendo o "Faze o que tu queres" a única regra. Rabelais acreditava que o ser humano livre, bem nascido e com suas necessidades supridas seria pleno de honra; o que terminaria por resultar em atos virtuosos. A natureza nobre do ser humano, entretanto, seria suprimida juntamente com sua liberdade, pois quando os desejos são negados busca-se alcançá-los por quaisquer meios.
Alguns thelemitas contemporâneos consideram o trabalho de Crowley como visando justamente a natureza intrinsecamente nobre do homem, tal como no pensamento de Rabelais. Assim, credita-se ao franciscano a criação da base filosófica de Thelema, tendo sido um dos primeiros a se referirem a tais ideias. Muitas vezes, Rabelais é chamado de "O Primeiro Thelemita". Contudo, nas palavras de Sabazius, o atual Rei (Grande Mestre Nacional) da Ordo Templi Orientis para os Estados Unidos:
"São Rabelais jamais considerou que sua ficção satírica fosse um esquema para uma sociedade humana real… [A filosofia de] Thelema é aquela do Livro da Lei e dos escritos de Aleister Crowley".
Por outro lado, Aleister Crowley escreveu no texto "Os Antecedentes de Thelema" (1926) que Rabelais, tanto quanto possível, chegou muito perto da Lei de Thelema conforme Crowley a compreendia, antecipando-se, assim, à escritura do Livro da Lei. Porém, afirmava também que seu próprio trabalho era mais profundo, apresentando uma metodologia praticável por qualquer pessoa, baseada nos mesmos princípios da pesquisa científica, revelando mistérios que Rabelais guardou para si mesmo ao buscar um ideal, ao invés de uma forma prática de se pensar questões políticas, econômicas e sociais. Sem esse trabalho prático, segundo Crowley, é impossível a realização da Lei.
Rabelais está incluído entre os Santos da Ecclesia Gnostica Catholica, juntamente com 70 outros nomes como Virgílio, Catullus, Swinburne, Friedrich Nietzsche, Richard Wagner e William Blake.

Francis Dashwood e o Clube do Inferno (Hellfire Club)


      Sir Francis Dashwood adotou alguns dos ideais de Rabelais e aplicou a regra do "Faze o que tu queres" no grupo fundado por ele, osMonges de Medmenham (grupo mais conhecido como Hellfire Club). Uma abadia foi estabelecida em Medmenham, uma propriedade que englobava as ruínas de uma abadia cisterciense fundada em 1201. O grupo era conhecido como "franciscanos", ainda que sem ligação com a ordem católica dos Franciscanos ou com São Francisco de Assis, mas sim por conta de seu fundador. Dentre os membros do clube destacam-se políticos como John Wilkes e George Dodington. Há poucas evidências das atividades ou crenças praticadas no Clube do Inferno. Os poucos testemunhos existentes foram deixados por Wilkes, que jamais entrou na capela principal ou chegou a ser membro do círculo interno. Contudo, ele descreve os membros como hedonistas que "se encontravam para celebrar as mulheres e o vinho" e acrescentavam às suas atividades as ideias dos antigos apenas para tornar a experiência mais decadente.
Na opinião do Tenente-Coronel Towers, o grupo tinha pouco mais com Rabelais do que a inscrição "Faze o que tu queres" sobre a porta de entrada. O pesquisador acredita que eles usavam o complexo de cavernas na propriedade como um templo oracular dionisíaco, baseando-se nas próprias interpretações dos capítulos de "Gargantua e Pantagruel" que interessavam a Dashwood. Sir Nathaniel Wraxall, em suas "Memórias Históricas" (1815), acusou os monges de realizarem rituais satânicos, porém os membros do Clube alegaram que isso era uma heresia. Gerald Gardner e outros como Mike Howard alegam que os monges adoravam a Deusa mãe. Daniel Willens, que estariam ligado à Maçonaria (o que é negado por instituições maçônicas) bem como que Dashwood poderia ter conhecimentos sobre sacramentos secretos da Igreja Católica, sem entretanto apresentar qualquer evidência de tanto.

 Fonte:
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Thelema
  http://otomundi.blogspot.com.br/